"É essencialmente impossível de se determinar o que, dentre tudo o que sentimos, percebemos e pensamos sobre objetos externos e pessoas, o que está "objetivamente" lá o que não está. Sob um ponto de vista do Oriente, todo o nosso mundo externo é maya, ou seja, um mundo de projeções fabricado pela nossa energia vital inconsciente (shakti). Neste sentido, o mundo inteiro acaba sendo uma projeção. Mas, de forma prática em nosso dia-a-dia, é melhor falarmos de projeção apenas quando uma imagem, mentalmente representada de um objeto externo, ou mesmo um julgamento de uma pessoa, está, claramente e obstrutivamente, causando um distúrbio de ajustamento pessoal. Este é um sinal que diz que a pessoa referida deve refletir e perceber que aquilo que tão confusamente o fascina por fora, tanto de forma positiva ou negativa, está, na verdade, dentro dela mesma. Na vida cotidiana, este distúrbio geralmente se expressa como um afeto, excessivamente forte, ou uma emoção exagerada (amor, ódio, fanatismo, etc) ou como uma ilusão ou uma falsa afirmação que regulamtne é evidenciado por outras pessoas e que acaba não sendo suscetível simplesmente de ser corrigido como um erro acidental. Mas quem decide o que é exagerado e o que não é? Em nosso caso o que geralmente decide na prática é o "bom senso comum". No entanto, como é um problema de avaliação, não existe um critério científico objetivo. Por isso, sempre temos que ter cuidado quando aplicamos o conceito de projeção.(...)
Aqui é de vital importância não meramente pensar que nós temos nos enganado, mas também pesquisar o elemento projetado dentro de nós mesmos, de forma muito concreta e em termos de efeitos práticos no nosso dia-a-dia. O que este fascínio, positivo ou negativamente, pelo objeto externo está escondendo? Por exemplo, quando odiamos alguem que mente. Não é o suficiente pensar "Eu também minto ás vezes"; mais que isso devemos notar que "nestas determinadas situações eu tenho mentido exatamente da mesmo forma que o fulano!" . Reconhecer algo assim não é apenas acadêmico, mas nos causa um choque moral que faz despertar positivamente algum elelmento de nossa personalidade, um movimento em direção à maturidade. Reconhecer projeções nagativas nos traz uma diferenciação moral e, como no exemplo, a pessoa em questão vai ter que refletir sobre seu prórpio ato de mentir. Por outro lado, reconhecer projeções positivas geralmente traz maior responsabilidade para nossos atos: ao invés de admirar cegamete a inteligência de fulano, eu agora vou ter que trabalhar mais arduamente com a minha propria inteligência! Ou, ao invés de estar sempre esperando uma recepção calorosa das outras pessoas, eu vou precisar aprender a expressar maior acolhimento emocional comigo mesmo".