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Apocalipse e o Homem Moderno.

Apocalipse e o Homem Moderno.

O que significa, para o homem moderno, estar vivendo em uma era apocalíptica?

Self: é a imagem de Deus (na psique) e o Apocalipse é um arquétipo pois esta imagem, na história da humanidade, procura sua realização na consciência (“Deus precisa do homem para ser Deus”, Jung em Resposta a Jó). No começo da era Cristã, esta realização ocorreu na encarnação de Cristo. Edinger defende que agora (o final da era Cristã) estamos passando por uma segunda encarnação, não mais em um indivíduo, mas coletivamente, na humanidade como um todo.

No entanto, este fenômeno que deveria ser percebido conscientemente e integrado no individuo (processo de individuação) está acontecendo inconscientemente e coletivamente na sociedade. E um conteúdo psíquico ativado, que não é percebido conscientemente, se manifesta externamente no mundo, e de forma concreta.  Da mesma forma, um evento externo hostil que ameaça acontecer, pode ser evitado ou mitigado quando sua origem psíquica é percebida conscientemente (integrado na consciência).

“ De uma forma ou de outra, o mundo está caminhando para se tornar uma entidade única. Mas esta unificação pode ser feita tanto pela destruição em massa quanto pela conscientização mutua da sociedade. Se um número suficiente de pessoas consegue integrar na consciência esta experiência do Self (como interna e psíquica), muitas das suas manifestações externas devem ser poupadas (retirada das projeções).  Mas o Self traz, para a consciência, o conflito dos opostos (um verdadeiro campo de guerra na consciência) e por isso muitas vezes é projetado (evitando a integração). “

E o que podemos fazer?  Jung diz: “A única coisa que realmente importa é se o homem consegue se escalar para um nível moral maior, um plano mais levado de sua consciência. Isso só acontecerá se ele conhecer muito bem sua própria natureza. ”  (...) “A imagem de um Deus totalmente bom – apesar de incomodado por um Satanás dissociado -  não é mais viável. Ao invés disso, a nova imagem de Deus, para realização na consciência, é a de uma união paradoxal (existe em mim o bem e o mal) ”. Mas este processo de transformação da imagem de Deus só pode ocorrer se os participantes humanos estiverem conscientes do que está acontecendo, porque a consciência é o agente da transformação de Deus no homem.  “E esta nova imagem de Deus (Self) pode encarnar de forma a evitar a destruição em massa se houver um número suficiente de indivíduos conscientes deste drama arquetípico universal que está diante de nos.”

E o que isto significa para o indivíduo? Cada análise individual simboliza “uma miniatura do Apocalipse”: o individua experiência o conflito dos opostos, a frustração de uma resolução, fracasso, desmoralização e desespero. Isso traz a paralização do fluxo da libido (como se houvesse a destruição do mundo da consciência, que deve se reestruturar em seguida).  Na análise, esse processo de dor deve, por ele mesmo, encontrar um significado. “O que está acontecendo comigo? Qual a minha responsabilidade? E o que isto significa? “ E, do ponto de vista de coletividade (a humanidade), estas mesmas reflexões devem ser feitas.

Edinger finaliza: “as imagens do Apocalipse, para cada indivíduo, significam um desastre apenas se o ego é alienado e antagônico frente às realidades que o Self (a imagem de Deus) está trazendo para consciência. E, por isso, o arquétipo de Apocalipse se manifesta catastroficamente. Mas se o ego está aberto e coopera com esta vinda do Self, estas mesmas imagens podem significara ampliação do homem atual para “um homem mais completo”.